Na Baixa do Sapateiro, uma comunidade carente do Rio de Janeiro, havia um excelente jogador mirim de futebol, porém ao contrário dos maiores jogadores do nosso país este acreditava no futuro ter uma profissão a partir do que estudara. Acordava todos os dias às 6:00 para ir a escola municipal que é próximo a sua casa.
Num dia por nenhum motivo apresentado a sua professora resolveu faltar o trabalho. A diretora da escola sem ter como administrar os 45 alunos que lotam a sala de aula todos os dias, resolveu pedir que voltassem para suas casas.
O jogador mirim voltou contentemente para casa sabendo que poderia exercitar o seu futebol que chegava a atrair os mais velhos da comunidade. Chegou em casa com o estranhamento da mãe e logo foi lhe explicando.
- Mãe, aquela professora faltou novamente e a diretora mandou nós voltarmos para casa.
- E agora, mais uma vez vou trabalhar e você vai ficar na rua, seu mocinho? Não quero escutar que o senhor ficou perto dos caras do movimento, escutou?
- Tá mãe, vou ficar no campinho até a senhora voltar da faxina.
- Acho bom e agora vai comprar um pão pra gente tomar café da manhã.
Morava no segundo andar da casa, pois o primeiro era a casa da sua avó que foi uma das primeiras moradoras da Baixa do Sapateiro. Desceu a escada todo serelepe e quando foi saindo do portão uma bala "perdida" o acertou na cabeça. O barulho do tiro foi tão alto que sua prima (do primeiro andar) que saia para o trabalho resolveu aguardar mais um tempo. A mãe do menino preocupada foi a janela e teve a infelicidade de ver seu filho no chão e deu um grito, por seguinte. A prima reconhecendo o grito da tia resolveu ver o que havia acontecido.
Ninguém acreditava nem os próprios atiradores (os policiais) um deles tentou pegar o corpo do menino para "socorrer", porém qualquer um observava que o tiro havia sido fatal o menino não tinha mais o rosto. A prima vendo a tentativa dos policiais de levarem o corpo, tratou de agarrá-lo e pouco ligou para a cena cirúrgica que acontecia. Um policial chorava próximo ao carro.
[Infelizmente]
Um jornalista informou a prima do menino da história acima dizendo que os policiais alegaram que o menino estava na rua no momento de uma troca de tiros. A prima do menino retrucou com uma pergunta: "Que mãe vai pedir para o seu filho comprar pão na hora do tiroteio?"
Venho registrar de forma literária mais um assassinato de grupos armados financiados, contraditoriamente, por nós. Resolvi registrar este pela maneira trágica do fato e o tratamento diferenciado da sociedade civil organizada (ONG's) e da própria mídia.
A mídia noticiou o caso acima como mais um caso de vítimas de troca de tiros em comunidades carentes e não questionou a polícia, a não ser com "comandante, qual será o procedimento com os policiais que estão sendo acusado de assassinato?", o comandante "nós já recolhemos as armas e estamos apurando".
A socidade civil organizada nada manifestou a respeito, pois esta só se sente incomodada quando a pessoa é minimamente branca e se possível mora no "asfalto".
A pouco tempo o menino João Hélio foi assassinado por marginais menores de idade na zona norte da cidade. O caso foi excessivamente repercurtido na mídia e a sociedade civil organizada voltou ao debate sobre a maioridade penal e como uma parcela da sociedade rica irá sobreviver neste caos. Atualmente, há uma linda praça em Araruama em homenagem ao menino João Hélio.
A poucas semana mais um menino veio a ser assassinado por políciais. Desta vez o policial "confundiu" o carro do bandido e fez vários disparos contra o possível carro só que neste havia duas crianças e uma mãe indefesa. O menino de 3 anos e 11 meses recebeu um tiro na cabeça e morreu na hora. Ana Maria Braga (grande intelectual do Brasil, logo, formadora de opinião) chamou no programa os pais do menino para comentar a absorvição do policial assassino.
No mês de setembro policiais fizeram uma perseguição a um veículo roubado numa avenida da cidade do Rio de Janeiro. Os policiais aproximaram do veículo e não titubearam disparando dezenas de tiros, porém no carro estava o refém. Na remoção do corpo, os policiais não tiveram nenhuma cautela para um possível resgate médico tanto do bandido quanto do refém, os dois foram assassinados no local.
2 comentários:
Qualquer semelhança com a realidade NÃO é mera coincidência!
Ficou mt bom...até me emocionei!
*Fiquei com preguiça de escrever no orkut
bjao
Se vc está se referindo no segundo caso ao João Roberto, ele morava no meu quarteirão. Sua mãe estava voltando de uma festinha infantil para casa pela minha rua, quando...
Em frenta a minha casa...
Isto mesmo; foi em frente a minha casa. Donde me mudei em seguida (não por isso).
Entao, vc imagina o que penso cada vez que leio sobre o caso.
Hj eu falei de impunidade com bom-humor. (veja no meu blog!) Mas no caso do seu post...
Nem dá. Lamentável e dolorido.
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