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Um abraço Saramago!

Mais uma vez escrevo sobre a “ida” de um companheiro, outrora vez foi sobre o Fausto... hoje é sobre Saramago.

Sobre o Saramago não tenho muito que falar, pois ele mesmo fez questão de mostrar qual era a sua posição política frente ao mundo tanto em debates quanto nas suas obras. Alguns momentos me marcaram e foram definitivos para compreender o Saramago.

Homenagem do Partido Comunista Português (PCP):
“Para ganhar o prêmio, eu não precisei deixar de ser comunista”

Quando indagado sobre o prêmio:
“Sim, tenho o Prêmio Nobel. E quê?(...) É que no fundo tudo é pouco, tudo é insignificante”

Sabatina na Folha de São Paulo:
“Comunista hormonal”; “Comunista é um estado do espírito”

Janela da alma:
“Podemos empurrar a máquina que nos empurra”

No Fórum Mundial Social:
“A esquerda necessita de uma revisão dos conceitos”

Suas obras.

Poderia citar e discursar a respeito dos que deixaram de ser (na verdade nunca foram) comunistas para ascender politicamente, mas vou estragar o post.

Vídeos, respectivamente, dos momentos acima:

http://www.youtube.com/watch?v=lWpM5A5lBMI

http://www.youtube.com/watch?v=KukaoWu00Uw&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=a0-Twn5KiWM&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=EyOcrtCwekM&feature=player_embedded#!

http://www.cartamaior.com.br/templates/tvMostrar.cfm?evento_tv_id=18&video_atual_id=150

Obs: Estou lendo o excelente romance "A Caverna"

A Morte de Ivan Ilitch, por Leon Tolstoi.



Comprei este livro num vendedor de livro na rua... Comprei por ser uma novela de um grande anarquista do século passado que além deste livro tem outros romances famosíssimos como Guerra e Paz e Ana Karenina. Como de costume, li a contracapa e as expectativas foram boas, pronto estava na bolsa por apenas R$2,00.

Para análise, eu divido o livro em três partes.

A primeira parte apresenta a morte de Ivan Ilitch e o que seus colegas de trabalho começaram a pensar logo após a sua morte. Esta parte é voltada para criticar a burocracia czrista na Rússia, relatado da seguinte maneira: após a morte de Ivan que era um funcionário do governo seus colegas de trabalho imediatamente pensaram quem o substituiria e quem substituiria o substituto de Ivan.

Na segunda parte, o autor volta no tempo para descrever a vida de Ivan Ilitch desde a sua infância até o seu último trabalho. Mostra como Ivan era dedicado aos seus objetivos como estudante de Direito e a sua profissão de funcionário público do Tribunal. Ainda na segunda parte, Ivan muda de trabalho algumas vezes como uma maneira de ter um maior rendimento e dar algum sentido a sua vida.

Caminhando para a terceira parte, Ivan adoece e a novela narra os momentos de sacrifício que a doença lhe proporcionava. Esta parte do livro incomoda o leitor devido a capacidade de Tolstoi colocá-lo como a vítima da história e que ao mesmo tempo que sofre física e emocionalmente os seus familiares, amigos e médicos não prestam a devida atenção. A ausência de definição da sua doença que por ora é o rim outrora o apêndice, lhe incomodava absurdamente.

Na terceira parte, Ivan começa a perguntar o porquê de estar acontecendo tudo aquilo com ele, doença e afastamento dos familiares e amigos. Surpreendentemente, surge uma voz que dialoga durante algum tempo indagando-o sobre a sua vida e o faz refletir “Talvez eu não tenha vivido como deveria” e outras reflexões neste sentido. Finalizando o livro, Ivan Ilitch, após seu filho chorar na cama momentos antes de morrer, reconheceu que naquele estado ele era um sofrimento para sua família e, sentindo a compaixão de seu filho consegue se entregar a morte e compreender que morreu de falta de sentido de vida... “A morte está acabada”.


Ivan morreu de falta de sentido de vida...

Cidadania, con-cidadania, cidadania nacional e cidadania terrenal (L.Boff)

Entendemos por cidadania o processo histórico-social que capacita a massa humana a forjar condições de consciência, de organização e de elaboração de um projeto e de práticas no sentido de deixar de ser massa e de passar a ser povo, como sujeito histórico plasmador de seu próprio destino. O grande desafio histórico é certamente este: como fazer das massas anónimas, de­serdadas e manipuláveis um povo brasileiro de cida­dãos conscientes e organizados. É o propósito da cidadania como processo político-social e cultural.

1. Dimensões da cidadania


Cinco são as dimensões de uma cidadania plena:
-A dimensão econômico-produtiva: a massa é mantida intencionalmente como massa e a pobreza é empobre­cimento, portanto, a pobreza material e política é produzida e cultivada, por isso é profundamente injusta; a cidadania política é esvaziada ou reduzida à minoridade se não vier acompanhada pela econômica; o pobre que não for contra a pobreza e não optar por outros po­bres não tem condições de comportar-se como sujeito social e realizar sua emancipação.
- A dimensão político-participativa: só os interessados se fazem cidadãos; estes podem e devem contar com apoios públicos e do Estado, mas se as pessoas mesmas não lutarem em prol de sua autonomia e por sua participação social nunca serão cidadãos plenos. Portanto, mais do que o Estado é a sociedade em suas várias ver-tebrações que conta.

- A dimensão popular: o tipo de cidadania vigente é de corte liberal-burguês, por isso inclui somente os que têm uma inserção no sistema produtivo e exclui os de­mais. E uma cidadania reduzida. Não se reconhece ainda o caráter incondicional dos direitos independen­temente de posse, de instrução e de condição social ou ideológica. A cidadania deve ser alargada pêlos lados e pelo fundo. Por isso a construção da cidadania deve co­meçar pela base social, deve ter um cunho popular e in­cluir intencionalmente a todos. Ela já é exercida nos inúmeros movimentos sociais e nas associações comu­nitárias onde os excluídos constróem um novo tipo de cidadania e de democracia participativa.

- A dimensão de con-cidadania: a cidadania não define apenas a posição do cidadão face ao Estado, como sujei­to de direitos e não como um pedinte (não se há de pe­dir nada ao Estado mas reivindicar; os cidadãos devem organizar-se não para substituir o Estado mas para fazê-lo funcionar); define também o cidadão face a ou­tro cidadão mediante a solidariedade e a cooperação, como paradigmaticamente se está mostrando na cam­panha contra a fome e em favor da con-cidadania e da vida, herança imorredoura deixada por Herbert de Souza, o Hctinho. Contra as políticas pobres do Estado para com os pobres, surgem as organizações dos pobres para fazerem valer seus direitos.

- A cidadania terrenal: a con-cidadania se abre hoje a uma dimensão planetária, na consciência do cuidado com a única casa comum que temos para habitar, o plane­ta Terra, de recursos limitados, em grande parte não-re-nováveis e com a corresponsabilidade coletiva de garantir um futuro comum para a Terra e a humanidade. Não so­mos apenas cidadãos nacionais mas também terrenais.

2. Cidadania e projetos-Brasil

A cidadania é um processo inacabado e sempre aberto a novas aquisições de consciência, de participa­ção e de solidariedade. Só cidadãos ativos podem fun­dar uma sociedade democrática, como sistema aberto, que se sente imperfeita mas ao mesmo tempo sempre perfectível. Por isso, o diálogo, a participação e a busca da transparência constituem suas virtudes maiores.
A cidadania se realiza dentro de uma sociedade con­creta que elabora para si projetos, muitas vezes, confli­tantes entre si, de construção de sua soberania e dos ca­minhos de inserção no processo maior de globalização. Todos eles querem dar uma resposta à pergunta: que Brasil, depois de 500 anos, finalmente, nós queremos?
Vejamos três grandes projetos em curso e seus por­tadores históricos. Qual deles atende à busca dos mi­lhões de brasileiros que almejam um Brasil diferente que os inclua e beneficie.


Este texto foi retirado do livro 500 anos depois: O Brasil que queremos, de Leonardo Boff

Um comentário do livro “Os restos mortais” de Fernando Sabino


Resolvi não fazer um resumo da obra, pois a mesma já se apresenta de maneira resumida. Porém, cabe-me aqui, comentar o assunto mais importante que a circunda: a morte.
A morte um tema muito discutido e pouco compreendido é o que torna esta novela “Os restos mortais” um escrito curioso para saber o seu desfeche. Pois, afinal a morte sempre será um recurso dos literatos para produzir ansiedade no leitor.
Contudo, a audácia literária de Fernando Sabino o faz originar uma história incrível que se sobrepõe à temática da morte, mostrando que através do tão temida tema a literatura consegue trazer (de maneira literária) outros temas abarcados.


A minha curta exposição do livro “Os restos mortais” é uma tentativa de instigar o leitor a procurar a obra, todavia não puramente só esta obra, mas o autor.

Julio Verne para Calouro!

Companheiros,
a polícia, respaldada pelo Estado e pela parcela da sociedade (já citada aqui que bate palma para o capitão Nascimento) continua com a sua matança a inocentes, mas a vida continua por mais paradoxal que pareça.

Já algum tempo queria mencionar aqui os livros excelentes que acabei de ler do Julio Verne: Viagem ao Centro da Terra e A ilha Misteriosa. Duas obras incríveis com tradução do Carlos Heitor Cony num belo projeto da Coleção Calouro de reapresentar as histórias mais magníficas da humanidade. Estes sim deveriam ser obrigatórios (ou não) nas escolas, principalmente, nos anos iniciais. Infelizmente, os detentores do saber selecionam obras dignas de serem lidas, por exemplo, O Fantasma da Ópera, O Alienista, etc.

Concordo que (algumas) sejam obras fundamentais, mas, por exemplo, em plena sétima série uma criança ser obrigada a ler O alienista ou O Fantasma da Ópera, isto é assustador. A primeira impressão é a que fica. Lembro que não gostei quando tive que ler esses livros para o colégio. No entanto, ao reler posteriormente O Alienista consegui fazer associações com a História, a Bastilha é um exemplo.

Creio que se tivesse a oportunidade de ler uma obra lúdica como a do Julio Verne, hoje a minha “biblioteca mental” estaria mais robusta. Entretanto, não chorarei pelo leite derramado, mesmo aos 20 anos consegui ir ao Centro da Terra e ficar anos como náuago numa Ilha Misteriosa.

Então fica a indicação dos livros do Julio Verne que podem ser adquiridos pela bagatela de R$ 1,00 em alguns sebos. Dar uma olhada na Coleção Calouro que teve seu auge na década de 70, também vale a pena.

Uma resenha crítica do livro “A alma do homem sob o socialismo”


Notas sobre a obra “A alma do homem sob o socialismo” de Oscar Wilde.

O texto inicia com um espírito libertário, porém no seu decorrer trava uma discussão a respeito da relação artista e público. Suas primeiras páginas são dedicadas a crítica ao assistencialismo dizendo que tal prática só alimenta a pobreza e não a soluciona. Em seguida legitima o roubo a partir de uma visão romântica, argumentando que é mais digno roubar do que pedir esmola. Apresenta-se como um abolicionista e critica a forma de como foi feita a abolição quando refere-se aos negros dizendo “livres até para passar fome”.

Oscar Wilde apresenta o ônus do socialismo autoritário comparando-o com o sistema vigente (capitalista) e conclui que “no sistema atual muitos podem levar a vida com certo grau de liberdade”. Grande parte da obra, atem-se em demonstrar o quão importante da individualidade, talvez (melhor, creio eu), pelo fato de Oscar ter sido acusado de atos homossexuais. Devido a isto, foi condenado a 2 anos de prisão com trabalhos forçados. O livro também critica o trabalho braçal e mostra a importância do ócio na vida de qualquer ser humano. Wilde não menciona abertamente a questão do homossexualismo, mas apresenta o tema discretamente “Será algo maravilhoso quando vislumbrarmos a verdadeira personalidade do homem”, ou “Não estará sempre se intrometendo com os demais, ou pedindo-lhes para serem iguais”

A pluralidade de temas abordados, praticamente, termina na metade do livro. A partir daí, Oscar irá se referir demasiadamente na influência que o público, dito por ele “semi-educado”, exerce na arte. O público não teria sensibilidade para compreender a arte, com isto, não poderia julgá-la. Para ele, a excelência de público na arte seria o passivo e estende para ciência.

Fazendo uma analogia entre as idéias de OscarWilde eSchopenhauer, observa-se uma coerência. Entre elas Oscar cita “O Esmond de thackeray é uma bela obra de arte porque ele a escreveu para agradar a si próprio” e Schopenhauer “De qualquer forma, na verdade, só tem valor o que uma pessoa pensou, a princípio, apenas para si mesma. Aliás, é possível dividir os pensadores entre aqueles que pensam a princípio para si mesmos e aqueles que pensam de imediato para os outros”*. Observa-se em ambas obras a importância que os autores dão para o artista que não é influenciado por nenhum espírito externo. É relevante mencionar que as obras tentam sustentar uma elite intelectual.

*Livro: A arte de escrever

"Pensar por si mesmo" de Arthur Schopenhauer.


Escritos a partir da leitura do artigo “pensar por si mesmo” do livro “A arte de escrever”, de Schopenhauer.

O artigo aborda o tema: pensamento autônomo. Onde irá dizer que o verdadeiro filósofo é aquele que busca a originalidade das idéias a partir da reflexão. Para isto, Schopenhauer entende que a leitura em excesso faz com que o erudito não busque a construção das idéias, mas apenas o entendimento da idéia alheia.

No decorrer do artigo ele apresentará dois tipos de pensadores: o que pensa por si mesmo; e o livresco. O primeiro possui a originalidade e a autenticidade da expressão para demonstrar suas idéias. Já o segundo se expressa através de conceitos emprestados, sendo assim, uma reprodução da reprodução.

Schopenhauer apresenta mais uma divisão para os pensadores, desta vez: os que pensam a princípio para si mesmos; e aqueles que pensam de imediato para os outros. Os primeiros são pensadores autênticos, os verdadeiros filósofos. Os outros são considerados os sofistas: estes criam uma aparência e procuram sua felicidade naquilo que esperam receber dos outros.

O texto baliza-se nesta dicotomia proposta por Schopenhauer, que tendenciosamente, mostrará a capacidade dos que pensam por autonomia e a incapacidade dos que de tanto lerem ausentaram-se de pensar por si mesmo.

É válido ressaltar aqui, duas passagens do texto:

“O mais belo pensamento corre o perigo de ser irremediavelmente esquecido quando não é escrito, assim como a amada pode nos abandonar se não nos casamos com ela” ( pág.52)

“Isso explica porque os pensamentos da maioria dos homens, quando conversam, parecem cortados tão rentes quanto um gramado, de modo que não é possível encontrar nenhum fio mais longo” ( pág.54)

"Um inimigo do povo" de Henrik Ibsen


A história passa-se numa cidade do interior da Noruega, esta, a cidade, tem sua maior lucratividade na atividade turística que advir da Estação Balneária. O Dr. Stockmann (protagonista) inquieta-se com doenças que turistas e concidadãos apresentam e resolve investigar a água da cidade. Para sua surpresa percebe que toda a encanação de água está poluída.

Homem da ciência e com o dever de levar a verdade ao povo (como Stockmann gosta de ser qualificado). Encontra-se num beco sem saída, pois se denunciar a poluição, a cidade que tanto ama, deixará de lucrar com o turismo; e não a denunciando irá contra seus ideais. Esta dúvida o atormentou por pouco tempo, pois denuncia.

A atitude honrosa, mostrará que antes da poluição, há a poluição no governo, na imprensa, no comércio e na sociedade. Dr.Stockmann faz questão de dizer para a população que os valores atuais estão sustentados sobre a mentira e releva a sua idéia de que o povo não tem a razão, ou seja, a maioria não tem o monopólio da verdade.

Com isto, todos denominaram como “Um inimigo do povo”. Dr.Stockmann observa que sua vida neste lugar tinha acabado, pois seus familiares também recebiam represália. Por um instante resolve sair da cidade rumo ao Novo Mundo, mas certas circunstâncias o faz repensar e vê que sua permanência poderá reverter o futuro da cidade. Eilif e Morten (filhos do Dr.), 13 e 10, foram expulsos da escola. Dr. Stockmann decide que Eilif e Morten não serão mais educados pelo Estado e pede que seus filhos recrutem meninos de rua para educá-los por conta própria. E estes, “crescerem livres e dignos e com isso possam caçar os lobos da cidade”.