Como está espacializada a atuação policial nas escolas estaduais

Política Pública na educação: Segurança Pública e Educação
A seleção das escolas no Estado do Rio de Janeiro
A seleção das escolas no município Rio de Janeiro
Reflexões: 

As escolas estaduais com presença de policiais se espalham por todo o território do estado Rio de Janeiro. Duas questões são importantes de serem analisadas o primeiro é o fato de policiais presentes nas instituições públicas de ensino e a segunda é como este fenômeno se comporta no espaço. Sendo assim, é necessário espacializá-las e compreender onde se concentram para entender o por que desta direção deste nobre serviço público.

O presente texto, tem apenas o objetivo de oferecer informações georreferenciadas e levantar questões sobre política pública para a área da educação pública no Rio de Janeiro. Sendo assim, não será tratado profundamente cada tema e, sim reflexões acerca do tema proposto.


Iniciaremos a reflexão no que diz respeito a presença da polícia militar nas escolas da rede estadual em todo o estado do Rio de Janeiro. Um ponto importante de ser mencionado é a violência que ocorre dentro das escolas entre os estudantes, e entre estudantes com os professores. Este fato, noticiado quase que regularmente na mídia, motiva a fala do secretário estadual de educação, que entende a presença dos policiais da seguinte maneira:

“É mais um investimento que fazemos na rede estadual. Queremos o melhor para nossos alunos e professores. Essa parceria é essencial. Os policiais têm que ser exemplo para essa garotada que está em nossos colégios. Essa ação mostra, mais uma vez, a parceria entre as áreas do Governo em prol do cidadão." Wilson Risolia.( http://www.rj.gov.br/web/seseg/exibeconteudo?article-id=907265)

Nesta primeira fase, acordada entre as secretarias, "serão beneficiados serão beneficiados 115.490 alunos e 6.279 professores."  Para atuar dentro das escolas é necessário que o policial esteja no Proeis que pretende ser uma forma de regulamentar a "bico" do policial, neste programa o policial inserido cumprirá três turnos de oito horas cada e receberá a quantia de R$ 200, se for oficial, e R$ 150, se for praça. (http://www.rj.gov.br/web/seeduc/exibeconteudo?article-id=907706).

Então, política pública para área de educação se faz assim: investimento é polícia na escola, escola e segurança pública é essência e exemplo na escola é polícia.

E se perguntarmos quem estuda nas escolas do estado? Jovens pobres de favelas ou dos bairros pobres da cidade e como é o tratamento da polícia com eles? Como servir de exemplo? Porque vincular Secretaria de Segurança Pública com as escolas e não a ou as Secretaria de Cultura, Secretaria de Saúde, Secretaria de Ciência e Tecnologia, Secretaria do Ambiente, Secretaria de Esporte e Lazer ou a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos.

A questão da presença policial não se esgotou neste texto, por exemplo, qual é pedagogia desta presença? Caminharemos para a próxima análise que tem a abordagem geográfica do assunto.

A seleção das escolas no Estado do Rio de Janeiro

A priori, é necessário esclarecer que os dados abaixo são referentes ao Estado do Rio de Janeiro que concentra a sua população na capital o que coloca uma quantidade enorme de escolas públicas, sendo uma das maiores redes do Brasil. Assim, a concentração de escolas estaduais na capital faz parte desta construção do espaço urbano e as tabelas abaixo demonstram esta relação.





Apesar da concentração populacional no município do Rio de Janeiro a quantidade de escolas com presença policial é extremamente maior que nos demais. O importante de observar é a presença de escolas com policiais nos municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Niterói, Itaboraí, São Gonçalo e São João de Meriti.

Mapa das Escolas com Presença Policial no Estado do Rio de Janeiro

Antes de colocar reflexões a partir dos dados acima, apresentaremos os dados do município do Rio de Janeiro que concentra 35 escolas estaduais com presença policial.

A seleção das escolas no município Rio de Janeiro
O município do Rio de Janeiro pode ser dividido em zonas, sendo elas: centro, norte, oeste e sul. As zonas norte e oeste são as zonas onde, majoritariamente, (sobre)vivem os trabalhadores pobres da cidade entre as áreas formais, loteamentos e favelas. Ao mesmo tempo, surpreendentemente (?), onde concentram as escolas com a presença policial. O bairro que tem tal privilégio e recebe mais investimento, segundo a lógica do secretário de educação, é o bairro de Campo Grande. As tabelas abaixo apresentam os dados:
A concentração dos policiais nas escolas públicas do município do Rio de Janeiro está espacializada da seguinte forma:




Mapa da atuação policial no município do Rio de Janeiro



Reflexões:
O que me resta para refletir sobre política pública para a educação pública? Além da questão da escola ter a presença policial, o que a geografia nos mostrou que não é apenas uma política pública para a área de educação, mas política pública territorial onde os territórios selecionados são os territórios pobres da cidade. Ou seja, é o braço armado do Estado na educação pública e nos territórios.


Outra questão que me lembro é a manifestação de uma parte da sociedade contra a presença de policiais nas universidades públicas. A presença de policiais nas escolas públicas os "grandes pensadores do Brasil" não mencionam, por que? Não é aonde seus filhos estudam, não é aonde trabalham, não é a aonde ficam famosos, etc.


Referente ao município do Rio de Janeiro, os mais entusiastas, mencionam na integração da cidade! O que é integrar a cidade com uma política pública onde concentra policiais fardados em determinadas escolas e em determinados territórios? Talvez, no relatório da secretaria de segurança e de educação aparecerá como investimento, como disse Risolia, e o governador falará apenas os números finais e todos ficaram pasmados com tais investimentos para integrar a cidade.


No final, o que tem para escola pública? Mais projeto privado e mais polícia. E, no final, é tudo investimento...

Autor: Gustavo Ferreira de Azevedo, geógrafo.
Colaboração: Anna Levy, socióloga.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vinícius disse...

Muito bom camarada... Gostei da reflexão final sobre os investimentos.
Acho que a produção do espaço, a militarização da vida e a criminalização da pobreza também podem entrar como boas reflexões sobre estratégias de reprodução social.
O que acha?
Abração