Globalização como ela foi e é: E a necessária.


Para a compreensão do processo de globalização no mundo foi fundamental resgatar obras de intelectuais que se dedicaram a este processo. Primeiramente, a Sociedade Global de Octavio Ianni foi valiosíssima para compreender os primórdios do processo de globalização que de acordo com o autor iniciaram nos séculos XV e XVI. Outro autor importante com sua obra foi o geógrafo Milton Santos que retratou o atual processo de globalização e que ao final propôs uma outra globalização na obra Por uma outra globalização.
Para Octavio Ianni, o primeiro processo de globalização iniciou com as grandes navegações nos séculos XV e XVI. Com isto, o capitalismo expandiu-se geograficamente por todo o mundo, integrando-o num sistema único de produção e consumo de mercadorias alem de discobertas de novas regiões do planeta.
No segundo momento, iniciou com a Revolução do século XVIII que possibilitou o aumentou da produção de mercadorias e que desta vez conseguia escoar a produção para outros países além dos europeus. Nesta fase o capitalismo europeu teve a função de ser a vanguarda do processo de globalização.
O terceiro momento, o atual, caracteriza-se pelo domínio completo das multinacionais. Estas tomaram grande impulso a partir dos anos 50, depois da Segunda Guerra Mundial. A fixação de multinacionais nos países subdesenvolvidos acelerou o processo de integração global que teve o intuito de facilitar o escoamento das mercadorias produzidas nestes países que atraíram estas multinacionais por uma série de motivos como: legislações trabalhista e ambiental pouco avançadas; mão-de-obra barata; proximidade com a matéria prima; insenção de impostos; etc.
Este é um quadro retrospectivo (superficial) de como se processou a globalização no planeta. Evidentemente que a complexidade do processo de globalização é devido a heterogeneidade de como ele se estruturou nos diversos países tanto os subdesenvolvidos que apresentam particularidade entre si, quanto os desenvolvidos que também apresentam particularidades.
Outra avaliação importante da globalização é a do geógrafo Milton Santos que considera a existëncia de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo como nos fazem vê-lo, a globalização como fábula. Este ocorre principalmente através dos meios de comunicação que tem um uso político que não atende as classes populares, mas tentam mostrar que o atual processo capitalista é o ideal para estas classes. Resumidamente, os meios de comunicação teriam uma função ideológica do discurso das classes dominantes.

O segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade. Neste momento verifica-se que a globalização evidencia o dinheiro em estado puro, ou seja, os fins para obtenção deste dinheiro justifica os meios pelo qual as empresas tiveram que adotar. A competitividade em estado puro também é evidenciada na globalização como ela é, pois numa concorrência pode até ser saudável ao contrário de competir que é uma espécie de guerra em que tudo vale. Não é difícil visualizarmos empresas ou até pessoas disputando mercado ou empregos de maneira que pareça um duelo de inimigos mortais.
Finalmente, o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização. Esta proposta surge como o simples fato da verificação de que este processo de globalização não está dando certo, pois cada vez mais ocorre a concentração de renda no planeta que leva milhares de pessoas a viverem de maneira subumana. Uma outra globalização seria a integração das culturas de diferentes localidades respeitando-as, ou seja, uma globalização mais solidária com as populações mais necessitadas e para isto não seria difícil porque a capacidade técnica se mostra capaz.
Conclusão:
Uma outra globalização além de ser possível é necessária, pois as populações mais pobres que sofrem demasiadamente este atual processo globalização é exponencialmente maior que a pequena parcela da população que detem a maior parte da riqueza gerada as custas dos trabalhadores. Para isto esta pequena parcela se utiliza dos meios de comunicação para passar a ideologia que lhe interessa e não a verdade como de fato é. Também se utiliza do Estado para atender os seus interesses econômicos e para reprimir as manisfestações da população revoltosa com a globalização perversa.

2 comentários:

Anônimo disse...

A trilogia da globalização do Ianni é excelente, gosto muito e tenho usado nas minhas aulas. Dos três títulos, só não tenho o "Sociedade Global", mas o "Teorias da Globalização" e o "A Era do Globalismo" têm lugar de destaque na minha estante. O "Por Uma Outra Globalização", embora retome idéias que o Milton já havia desenvolvido em livros anteriores, introduziu nesse trabalho algumas novidades, sendo que a mais destacada delas são as três dimensões da globalização que você sintetizou muito bem no texto. Há um outro livro interessante, que é da mesma coleção sobre globalização da Record na qual saiu o livro do Milton, que se chama "Elogio da globalização (por um contestador assumido)", do economista francês René Passet. Ele faz esse mesmo contraponto: de um lado, a globalização como ela é, e, de outro, como "vir a ser", que ele prefere chamar de "globalismo", até para opor essas duas dimensões. Passet, aliás, tem outro livro muito bom: "A ilusão neoliberal". Abração!

Geografia Digital... disse...

Koe breubinha,

mó coincidencia..tava justamente pensando nesse termo otro dia: globalização. Ta tão sumido, esquecido na estante né?
A disseminação de informçao geográfica na web, o google earth/maps, e todas as formas de dispor informação geoespacial na internet, fazem parte de qual globalização? a das multinacionais que se aproveitam para vender produtos e serviços, ou da que esta pro vir, que utiliza a socialização da informação e de ferramentas open source cada vez mais??