A partir da metade do filme comecei a me fazer a pergunta “Tropa de Elite 2: e aí?”. Os comentários que escutei sobre o filme pareciam que o Nascimento tinha se tornado um Lamarca, mas não se tornou um justiceiro como filme hollywoodiano. Não vou fazer análise metódica de 10 páginas sobre o filme porque ele não merece.
No fundo esta sequência está servindo para ludibriar as classes populares. Por exemplo: o Nascimento fala no sistema a cada 5 minutos, mas não fala qual sistema e muito menos o explica. Sistema como o filme coloca parece ser sistema de corrupção, sistema de lavagem de dinheiro, sistema do tráfico de drogas, sistema político, sistema do sistema, sistema capitalista (isso se você se esforçar e for otimista). Um filme de duas horas e em nenhum momento identifica o sistema! Talvez o contrato com os patrocinadores não deixasse.
Outra pergunta que me veio foi “por que este filme não foi apresentado antes das eleições?”, quem assistiu entende esta pergunta. Daqui a quatro anos, deste filme só sobrará os jargões e que, aparentemente não tem. Talvez eu esqueça que o policial negro e pobre morre e o filho (maconheiro) do policial branco e classe média, sobrevive.
Fiquei pensando... a classe média vai gostar mais ainda (assim como adora as UPP’s) desta segunda fase do Tropa de Elite. A primeira criminalizou a pobreza e agora caça os corruptos da polícia e da política, tudo sem mexer no modo de produção capitalista. VIVA RI(C)O! Viva os privilégios!
Aos companheiros que ficaram empolgados com o filme, acalmem-se. A polícia é um Aparelho de Estado e no Brasil é extremamente repressor para as classes populares. A essência do Estado capitalista é manter as contradições e o domínio da classe burguesa, ou seja, o que vamos esperar deste Estado?
Obs: o Nascimento que na vida real é o Rodrigo Pimentel é comentarista da Globo... Aí me volta a questão da palavra sistema.
2 comentários:
Sempre me pergunto se deveria me sentir de alguma forma incomodado com este filme, ou se deveria levá-lo tão a sério - seja para criticá-lo, seja para absolvê-lo, tanto faz. Até porque uma coisa "baseada em fatos reais" e os "fatos reais" não são necessariamente a mesma coisa - e é bom ter esse cuidado de não confundi-los. E filmes de ação/policiais, via de regra, contém tipos estereotipados. Quando vejo o Capitão Nascimento (agora promovido a Coronel, né?), minha cabeça imediatamente faz o link com Cobretti ("Stallone: Cobra") por causa dessa linha "policial incorruptível, porém durão com a bandidagem". Aliás, na época do primeiro filme, a "Bravo!" fez a mesma conexão. Ou seja, todo mundo já viu esse tipo de personagem antes, a diferença é que o transportaram pra cá... Na ocasião do primeiro filme, esperei candidamente aparecer uma cópia pirata aqui em casa pra assisti-lo, já que raros são os filmes de ação que me tiram de casa. Logo, uma vez mais ficarei aqui no meu cafofo, aguardando candidamente que alguma emissora de TV o exiba, e já sabendo que ele não vai me proporcionar nada a não ser 60 minutos de passatempo em cima do sofá. Agora, se você quiser ver um filme policial, com uma história (ainda que ficcional) contada sob o ponto de vista de policiais, assista "Brooklyn's Finest" (acho que saiu aqui com o nome "Atraídos pelo Crime", se eu não me engano), que é bom pra caralho!
É verdade Angelo, também fico pensando se deveria me preocupar com este tipo de filme. Encomoda-me um filme que todos falam (bem ou mal) e eu não sei do que se trata e aí vem a mania de querer fazer uma análise.rs
abracao, Gustavo.
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