City Marketing e Superfaturamento: Cidade da Música!


Com a reportagem noticiada no Jornal do Brasil no dia 17/05/08 sobre a Cidade da Música, fez-me refletir sobre sua posição geográfica. Por que na Barra da Tijuca? Mais uma obra do César, o Mala, que privilegia moradores do entre maciços (digo isto porque as principais áreas de investimento da política “City Marketing” ficam entre os maciços da Tijuca e Pedra Branca).

É inadmissível uma obra do governo ter o custo de R$ 464 milhões e só atender uma pequena parcela da população a qual se identifica com a música clássica. Vejo que é importante o investimento em cultura, principalmente, em ramos que não tem visibilidade. Mas creio que R$ 464 milhões não é um valor adequado.

Hoje, 17/05/08 é a inauguração da casa da Música, mas só para convidados (já começou com a seletividade). O secretário Municipal das Culturas, Ricardo Macieira, julgou ser mais importante que o prédio seja mostrado a [alguns] formadores de opinião antes da inauguração para o público. Ou seja, o público não é formador de opinião ou se forma, não tem notoriedade. Infelizmente temos canalhas deste gênero como representante de nossas secretarias.

Para finalizar com merda de ouro, o secre(o)tário não satisfeito com com tudo, finaliza: “não existe uma grande cidade sem uma grande orquestra”. Ahn? Quem lhe disse isso senhor? Quem disse que minha cidade precisa de uma casa para sua orquestra de R$464 milhões? Quem escolheu na Barra da Tijuca? Quem lhe colocou neste cargo?

Reflexão:
Música Clássica?... Na rádio, apenas, a rádio MEC transmite este tipo de música. Na televisão, de madrugada, a TVBRASIL destina o canal para a música clássica. O povo não tem costume de consumir este tipo de música, mas isso nao quer dizer que não goste de música e sim, que nao a conhece. Seria mais válido a Secretária das Culturas investir na divulgação da música clássica. Mas a política do City Marketing e do superfaturamento das obras públicas fala mais alto. Infelizmente.

Um comentário:

Unknown disse...

caro, Gustavo

obrigado pela visita ao espaço que administro...

quanto a criar um atalho de indicação ao meu, fico-te grato... será uma ótima parceria!

gostei muito do tom como escreves (bem e direto). identifico-me bastante com tua linguagem, principalmente quando o assunto é protesto e indignação!
acabei de voltar de uma aula de campo em que uma das coisas que foquei foi exatamente essa escolha dos espaços de poder pela administração pública. tal como no caso da decisão arbitrária da escolha da Barra da Tijuca para sediar a Cidade da Música, o caso de Chapada dos Guimarães - MT (implantada no séc. 18) vem escancarar essa prática malévola de privilégios para espaços que representam o poder. a decisão do IPHAN (instituto do patrimônio histórico artístico nacional) em restaurar igrejas pertencentes a um país europeu em prejuízo de espaços relacionados às atividades e o cotidiano dos trabalhadores no passado e no presente expressa bem quem define as escolhas políticas de patrimônio público e de acesso a elas.

a partir de hoje estabeleçamos a parceria, então!

abraço.