Hegemonia de uma corrente do movimento ambientalista

O paradigma atual da questão ambiental está sendo homogeneizado por uma corrente pós-moderna de concepção do mundo (digo sem pesquisar a fundo).  É extremamente difícil classificar desta forma as correntes, mas colocarei as premissas para isso:

1.        Fragmentação
1.1   Fragmentação das classes sociais em indivíduos;
1.2   Fragmentação da Justiça em justiças;
1.3   Fragmentação da luta: “baleias livres”; “Tartarugas surfistas”; “galinhas com prazer”; etc.

Sobre as implicações das fragmentações acima:
1.1   A nova categoria da corrente dominante do movimento ambientalista é o indivíduo. Assim, quando nos deparamos com as mensagens deste movimento ambientalista são “modifique a SUA prática...”, “Recicle o SEU lixo”, “Faça a SUA parte”, etc. O problema de fragmentar as classes sociais é que você coloca, por exemplo, a classe média norte americana que “bebe o mundo de canudinho” com o trabalhador pobre da baixada fluminense do Rio de Janeiro. Além disso, escamoteia a organicidade da produção do capital, a obsolescência programa que implica uma série de coisas, a desigualdade do consumo entre classes sociais.

1.2   Fragmentar a justiça é caminhar para a barbárie, pois apresenta a suposta possibilidade de termos justiças em determinadas geografias e em outras não. Este caminho pode colocar no horizonte as seguintes questões: quem ta no campo, luta por justiça no campo; quem tá na cidade, luta por justiça na cidade; quem se importa com o meio ambiente, luta pelo o meio ambiente. Esta prática de fragmentação exerce um papel pedagógico contrário a própria luta. Por exemplo, não tem raciocínio lógico e histórico que mostre que numa sociedade onde homens e mulheres que vivem desiguais socialmente tenham preocupações iguais do ambiente em que vivem (ou sobrevivem), ou seja, não é possível exigir que homens e mulheres se preocupem com o ambiente (totalidade) se fazem parte dele desigual-ambiental e combinadamente.

1.3   A fragmentação da luta é um perigo pois, apesar de terem suas relevâncias individualmente, a não formação de um bloco que una estas lutas, adia uma discussão profunda do grande problema em que estas lutas estão envolvidas. Vamos supor que a questão ambiental é análoga ao corpo humano: o corpo humano é uma totalidade em si, os órgãos são as particularidades. Aí, o corpo humano começa a ter práticas que o prejudicam, alguns órgãos começam a protestar individualmente e de 20 em (+)20 anos se mobilizam aparentemente. Fica evidente que enquanto os órgãos não formarem um bloco para protestar a prática do corpo, a luta será “trabalho perdido”.

Conclusão:

Coloquei apenas a reflexão que tenho a respeito da fragmentação desta corrente do movimento ambientalista. Contudo, a reflexão essencial da questão ambiental, esta corrente não a faz que é a crítica ao capitalismo, e o pior, como não faz a reflexão profunda da lógica capitalista apresenta “alternativas” para a questão ambiental dentro dos limites do capital e acaba “perfumando merda”.
Terminando, a atual corrente tem que largar o romantismo, sair da virtualidade do debate, assumir a militância na/da prática, parar com a disputa de “o melhor documentário” e outras coisas.



Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás. Che

Exemplos:








3 comentários:

Unknown disse...

A sociedade capitalista tem sua vitalidade alicerçada na fetichização da mercadoria,do dinheiro, do indivíduo, do Estado... Suas premissas são muito boas, pois partem de tais fetiches e merecem uma reflexão mais ampla,principalmente com relação a nossa prática.
Abração

Anônimo disse...

Muito bom seu texto!

Principalmente quando relacionamos hoje com a importância que tem se dado à Conferência Rio + 20! Para que e para quem servirá esta conferência???

Tais discussões só se resumem à questão ambiental, escamoteando outras questões mais latentes (capitalismo e seu modelo de severa destruição da sociedade). As questões ambientais são importantes, porém da maneira como hoje ela vem sendo tratada não podemos chamar de "preocupação e consciência ambiental".

Parabéns pelo texto
bjão
Carol Pires

Mariana de Moraes disse...

Onde é que eu assino? haha!

É duro, viu... nas discussões que presencio cotidianamente, observo esses três pontos, como você expôs e não como desenvolveu, sendo defendidos veementemente. E o pior são essas pessoas, capazes de defender algo tão ilógico, que acham que estão sendo práticos e nós é que somos idealistas. Risível.

Até a vitória, companheiro!