Carta a um pastor - contexto: eleições presidenciais 2010.

Segue abaixo uma carta ao pastor batista Leonardo que diferentemente da corrente tem posições típicas de um cristão comprometido com os pobres. Esta carta está no contexto do período de eleições presidenciais de 2010.


Caro Leonardo, como sempre colocando posições importantes de um cristão. Porém achei que deveria ser mais incisivo neste ponto.

Estou ficando muito chateado com os cristãos (evangélicos e católicos) que estão nesta campanha!!! O que vou escrever aqui já escrevi umas 3 vezes! Mas não me cansoooo!!!

Neste vídeo que vc disse o pastor diz claramente "não tenho o costume de falar isto na minha igreja...", ou seja, é um momento apenas eleitoral... Quem está ganhando com isto?



As igrejas só se mobilizam politicamente em período das eleições? Isto mostra que Fé&Política são inseparáveis, porém quando ocorre o evento ecumênico chamado Fé&Política só vai uma pequena parte da igreja católica um pouquinho de evangélicos.

INIQUIDADE maior é o capetalismo e o pastor não fala em nenhum momento... Por que não fala? A teologia cristã que propõe responder a totalidade não consegue dedicar uma missa, um culto, um ritual qualquer... para as questões sociais postas pelo capetalismo. Ou seja, as igrejas continuam servindo à ideologia dominante demonizando os negros não cristãos, as mulheres, as culturas afro, etc. Até quando? Não basta a igreja católica ter apoiado a ditadura militar ou ela sempre mostrará como roubar e como ser reacionária? O que as igrejas tem apresentado nos últimos anos, padres roubando dinheiro para ir à Europa, para equipar casa, estuprando crianças, etc. Os pastores? Esses se dedicam, especificamente, ao capital e se não me falha a memória tem um casalzinho de pastores presos nos E.U.A.

Igreja Católica caiu como uma luva para o feudalismo e os protestantes servem como carneirinhos para o capitalismo. Até quando?


Não sou petista, não sou marinista, etc. Sou cristão a favor da vida, mas não que a vida se resuma ao ato de abortar ou não. Sou a favor da vida que está na favela, numa ocupação urbana, numa ocupação rural e em outros lugares precários/excluídos das cidades e campos do mundo. E qual é a proposta das Igrejas para RESOLVER estes problemas sociais?

Cristãos e não cristãos não caem na lorota eleitoreira das igrejas... Outra coisa, para mim seria mais coerentes os cristãos (ou não) votarem no PSDB assumindo que são simpatizantes do PSDB. Aí fica nítido quem os cristãos pobres devem combater.

Assinado Gustavo Ferreira um cristão de saco cheio de igrejas.

obs: eu estou me esforçando para acreditar que a igreja pode mudar toda história que ela carrega, mas está difícil....

2 comentários:

Angelo disse...

Oi, Gugu! Tava sentindo falta de um post novo, viu?

Rapaz, é por isso que eu sou como aquela música dos Titãs: "eu não gosto de padre, eu não gosto de freira", hahahaha! Tenho minhas broncas com o cristianismo, em especial com o Catolicismo. Mas, então, vamos a algumas questões.

o Vaticano tem posições muito claras: a Igreja é contra o aborto, contra o homossexualismo, contra a reforma agrária, contra a camisinha e o sexo que não seja entre homem e mulher casados e para fins de procriação, contra Dilma, Lula e o PT, etc... Até aí "morreu o Neves", nenhuma novidade. Mas, nos anos de chumbo, havia (como, aliás, ainda há) vozes dissidentes na Igreja. Eu estive no Vale do Araguaia em 2007 (se não me falha a memória) e a atuação de lideranças católicas, das CEBs (comunidades eclesiais de base) e da Comissão Pastoral da Terra ao lado das lutas camponesas sempre foi - e continua sendo - profunda na região. Quem nunca ouviu falar de Dom Pedro Casaldáliga? Ou das Irmazinhas de Jesus que salvaram do desaparecimento os Tapirapés (e sem catequizar um índio sequer!). Nem todo mundo ligado à Igreja segue o credo da TFP ou da Opus Dei ou do Papa Bento "Heil Hitler" XVI. E com certeza esse pessoal tá na contracorrente agora.

Angelo disse...

Uma outra questão que eu acho interessante é a relação protestantismo/capitalismo: foi Weber quem primeiro analisou esse vínculo e a interpretar o capitalismo como cultura estruturada sobre a secularização (mundanização) dos dogmas e valores emergentes da doutrina protestante. Mas o que pouca gente sabe é que no caso específico do pentecostalismo, erroneamente reduzido à Teologia da Prosperidade (que é seguida por algumas denominações neopentecostais e não por todas), tem sua origem no proletariado, nos bairros operários, nas periferias. Além de florescer no vazio deixado pela Igreja Católica nesses lugares, o pentecostalismo foi um dos elementos estruturantes de algumas frentes de luta operária. Ou seja, fez pelos pobres urbanos o que o Catolicismo oficialmente se recusou a fazer, pois ficou do outro lado (apesar, como eu disse, de reações internas em contrário). O que eu quero dizer é que não dá pra botar todos os católicos e evangélicos no mesmo saco. Essa outra história dos movimentos cristãos em prol da libertação e de resistência à dominação deveria ser resgatada agora, até para desmistificar a equação cristão = direita e constranger aqueles manipulam e distorcem a verdadeira imagem dos fatos.