Pode parecer sensacionalista, mas o Jornal do Brasil acabou!
O JB um jornal da grande mídia muito influente na formação do jornalismo impresso brasileiro que no decorrer dos anos apresentou prestigiosos jornalistas do atual quadro nacional. Uma mídia impressa que apresentava debates democráticos e opiniões relevantes, sobretudo, a respeito da produção cultural no país.
Confesso que fui leitor assíduo do JB na época que prestei vestibular e foi quando conheci a coluna diária do Fausto e a semanal do Leonardo Boff, entre outros. Os textos imperdíveis dos autores, apesar de serem extremamente subjetivos me ajudaram para formação intelectual.
Até aí só flores...
No dia 16 de setembro de 2008, nos primeiros dias da crise do capitalismo e poucos dias após o falecimento do Fausto, o JB publica na capa do jornal tópicos que mostravam a crise de maneira didática o que me fez comprá-lo.
Li a reportagem sobre a crise e continuei na leitura do jornal quando observei na página 16 a seguinte frase “Casarões do bairro da Glória foram invadidos”. Os casarões que a reportagem se refere são tombados pela prefeitura do Rio e no momento encontram-se em “ruínas”.
A autora da infeliz reportagem é a senhora Bruna Talarico que não sei se foi mal formada ou utilizou o linguajar, preconceituoso dos meios de informação mais tendenciosos do país, de maneira intencional. Pois o verbo invadir no dicionário Aurélio o defini como: Entrar à força ou hostilmente em; ocupar à força; conquistar; Apoderar-se violentamente de; usurpar. E nos ilustra com o exemplo: No século V, os bárbaros invadiram o Império Romano.
Enfim, a própria reportagem demonstra a precariedade dos casarões da Glória apresentando sinais de risco para moradia. Entretanto, a dificuldade de refletir sobre a produção jornalística (acreditando que a autora não fez de maneira intencional) mostra que palavras tendem a criminalizar a pobreza, pois indagações impossibilitaria a utilização da palavra “invasão”:
Um local que está abandonado e em “ruínas” é invadido, ou ele é ocupado? E quem está dentro do casarão, está por que quer?
Visualizamos este fato em dois casos:
(1) A imprensa tenta deslegitimizar as ocupações feitas pelos movimentos sociais, principalmente, no campo. Quando o alvo principal é o MST que mesmo respaldado pela Constituição brasileira que afirma o dever do Estado de desapropriar terras improdutivas destinando-as para a Reforma Agrária (artigo 184).
(2) A imprensa, desta vez, tenta legitimizar a ocupação/invasão* dos policiais em comunidades carentes, com a seguinte expressão: "Polícia ocupa o Complexo do Alemão" O Globo. Porém é sabido a maneira de como eles ocupam, principalmente, com o seu Caveirão.
*Reveja a definição do termo.
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