A polícia é quem mata, mas uma parcela da população a ajuda!*


O recorde da polícia em homicídios em março de 2008 é um exemplo claro de que a solução não virá com mortes, onde representa a ponta mais frágil do iceberg, pois verifica-se que houve um decréscimo na apreensão de armas e drogas.

O pior são os que se iludem afirmando quase que cientificamente que matar bandido é o correto / solução. Acredito que são pessoas que só pensam em si e acham que criminalidade é cultural e não social.

Infelizmente este pensamento não é raro e por incrível que pareça se propaga, confesso que não entendo tal propagação. Pois há décadas esta atitude é tomada e nem por isso a criminalidade diminuiu e pior, estatisticamente, aumentou.

Parece-me que algumas pessoas não vêem certos fatos que visualizo desde pequeno.A reprodução de uma parcela da sociedade que nasce e permanece marginalizada durante toda a sua vida. Faz-me lembrar um livro muito interessante, apesar das críticas, que é o "o que é ideologia?" da Chauí. Onde mostrará que há ideologias impostas que facilitam a reprodução sem crítica da sociedade capitalista. Fazendo uma analogia ao livro, vejo que atualmente o banditismo é uma questão ideológica, ou seja, não é visto a construção histórica destas pessoas que optam (será que optam?) pela "bandidagem".

A construção histórica, que me refiro, desta parcela da população é a capacidade de remeter ao passado e visualizar o que ocorreu para uma população se encontrar desta maneira na sociedade. Se deixarmos a ideologia responder esta questão facilita para surgimento de calúnias do tipo: "falta de vergonha na cara", talvez vergonha ele tenha por isso rouba; "quer dinheiro fácil", garanto que não é, assim como não é o da prostituta". Com estas calúnias formadas a partir de ideologias favorecem o aparecimento de jargões do gênero: "bandido bom é bandido morto"; "bandido tem que morrer".

Não sou simpatizante dos bandidos, mas tenho a sã consciência de que atitudes impensadas não ajudam para a solução dos problemas. Não adianta me acuasar de que sou “defensor” dos Direitos Humanos para bandidos (sou defensor para todos os humanos), pois acredito que também este clichê faz parte de uma ideologia. Porque as pessoas pronunciam este clichê e não tem a mínima capacidade de saber o que diz respeito os Direito Humanos, por exemplo, um deficiente físico recorre aos Direitos Humanos para solicitar seus direitos.

Enfim, precisamos de reflexões inteligentes sobre o tema. Não há mais espaço numa sociedade que tem facilidade de acesso a informação continuar com preconceitos. Meditem senhores...

* prefiro colocar a palavra "parcela" para não generalizar, apesar de que em alguns casos não tem como fugir da deficiente generalização.

Um comentário:

Unknown disse...

Bela reflexão, bem escrito, adorei o blog...